segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Nivelar, sim… mas por cima, por favor!


Todos nos queixamos da forma como somos tratados no nosso dia-a-dia, do mal que somos atendidos, do mau humor instalado, das respostas indelicadas ou da ausência de bons modos.

Todos achamos que é demais. E temos saudades do tempo em que sermos civilizados e humanos era fundamental. Era mesmo natural.

Pois bem, está nas nossas mãos mudar este conceito já instalado há uns anos… o assumido “nivelar por baixo”.

Em vez de nos queixarmos, mudemos nós de atitude. Batamo-nos pela correcção de modos, de atitudes e de posturas. Pela correcção da linguagem e pelo regresso dos bons valores.

Está na hora de subirmos o nível.

Ora siga o meu raciocínio…

Se num restaurante se sente incomodado com as conversas ao telemóvel, não use o seu. Volte a ter sossego à hora das refeições. Opte por dizer ao seu contacto, mais tarde e de forma delicada, “desculpe não ter atendido, mas estava a almoçar…” - uma chamada de atenção de forma subtil a quem lhe telefonou, a horas impróprias.

Se ao andar pelo meio da cidade se cruza com pessoas que lhe dirigem um olhar duro, são arrogantes ou malcriadas, atire-lhes um sorriso bom. Daqueles que desarmam. Diga-lhes “bom dia”, use o “por favor” e o “obrigada” a torto e a direito… Vai ver que é contagiante! E o bem que sabe?

E se ao entrar numa loja ninguém o cumprimenta e o olha, dirija-se ao funcionário de forma correcta e simpática e desarme-o dando o exemplo, cumprimentando-o de forma sorridente e simpática e pedindo ajuda, olhando-o nos olhos, confrontando-o! Ele vai perceber a diferença do trato e corrigir-se.
É urgente que paremos de nos queixar de tudo e de todos. Não resolvemos os problemas com isso. Pelo contrário, aumentamos o descontentamento contagiando, com o nosso mau humor e o azedume de todos os que connosco se cruzam.

Vamos, pelo contrário, nivelar por cima.

Podemos começar por corrigir os nossos modos, recuperar a educação, a gentileza, o cavalheirismo.

Nivelar por cima é respeitar os mais velhos, dar passagem às senhoras, abrir-lhes as portas, dar lugar no autocarro a quem tem maior necessidade, esperar a sua vez na fila de forma educada, ajudar alguém que precise.

É cumprimentar o carteiro com a mesma simpatia e gentileza com que cumprimenta o gerente do seu Banco, é não fazer barulho na sessão de cinema com as pipocas (triste ideia essa!) ou incomodar toda a gente com a luz do telemóvel porque insiste em mandar mensagens e ler as que recebe…

Nivelar por cima é, também, recuperar o bom uso do português, quer escrito ou falado, deixar cair o abuso do calão e dos palavrões, e expressar-se de maneira diferente quando se fala com um adulto ou com um adolescente, com uma senhora ou com um cavalheiro.

Comer à mesa tem que voltar a ser bonito… Esperar que todos estejam servidos para começarmos a comer, manter o prato minimamente em ordem, a toalha limpa… Não puxar da sobremesa se alguém se atrasou um pouco mais.

No fundo, no fundo… nivelar por cima é simples. É um regresso às boas coisas do passado, onde todos nos considerávamos capazes de conviver de forma civilizada, onde todos tínhamos nome próprio e sobrenome, identidade, cultura, vontade de respeitar para ser respeitado.

Imagem é tudo isto. É o que faz com que um pontinho no mapa seja considerado um país. Daqueles que consideramos civilizados.

M | Ribeiro Henriques

“Há ideias e factos, que são portadores de futuro”

|Coimbra,15/10/2012|