Estava aqui a pensar no orgulho que tenho de
pertencer ao teu pequeno mundo. Muitas vezes vivemos no nosso pequeno mundo e
esquecemo-nos do pequeno mundo de quem nos rodeia. Talvez, porque cada um de
nós, tem um mundo seu, que teima em não mostrar aos outros. O mundo de cada um
seria muito maior - deixando de ser pequeno - se fosse dividido.
Resta-me assim, olhar por um telescópio para
o teu pequeno mundo e orgulhar-me dele, de o ver verde, azul, menos cinzento,
mais brilhante e na procura constante do equilíbrio. O meu mundo está também
assim, um dia, sem que o mundo dos outros note, o nosso será um grande mundo, e
o deles continuará pequeno. Como eles!
Haverá coisa mais idiota do que o mundo achar
que nós lhe devemos uma satisfação?
Pois se não a devemos ao mundo, porque raio
havemos de a dever a quem quer que seja? Não gosto desta coisa pequena de nos
metermos na vida uns dos outros, só porque uns e outros - de vez em quando - se
permitem estar mais próximos e chegados.
Irrita-me não conseguir controlar o
pensamento dos outros em relação a uns, que de vez em quando, são tão
desprovidos de tudo, que me assustam de tão vazios que são. O prazer de falar
por falar, não devia ser um prazer.
Devia pagar um imposto, para que quando
alguém um dia resolvesse falar por falar, e apenas para agredir por agredir,
parasse para pensar que não valia a pena. Aliás, muitos com quem me cruzo e que
só falam por falar, ganhavam mais calados, sossegados e a dormir. Ocupavam menos
espaço, e melhor ainda, poupavam-nos a poluição das suas tristes maneiras de
ser.
Digo eu, claro, que não lhes posso atar as
mãos nem coser a boca, mas como gosto de reciclar o lixo, metia cada um no seu
lugar.
M | Ribeiro Henriques
“Há ideias e factos, que são portadores de futuro”
|Coimbra, 18/12/2011|