... eu até entendo, quer dizer,
nós somos um país de Futebol, de Fátima, e até de Fado... e nisto
transporto-me para o passado e evoco a trilogia, bandeira do Estado
Novo, para tentar perceber porque não demos ainda um salto?!! Continuamos iguais a
nós mesmos, e nem nos apercebemos como conseguimos ser ainda um Portugal dos
Pequenitos, (e aqui pela dimensão, e não pela causa).
Bem, “o Futebol está na
nossa cultura”... e isto é desculpa que vale para tudo também...
É público que não tenho
particular interesse por Futebol, na realidade nunca tive! Penso que como qualquer
outra opção que tomamos na vida, o Futebol não me surtiu interesse.
Enquanto criança, preferia os livros, os jogos de mesa ou a construção dos
meus próprios brinquedos, enquanto os meus amigos jogavam à bola,
em torneios sem fim...
Daí o meu respeito por quem
aprecia um bom jogo de Futebol! O direito à escolha, como
o exercício de liberdade...
...Mas não consigo perceber
porque abdicamos da nossa identidade pessoal, pela histeria colectiva
emanada pelos media em tempo de torneios nacionais, ou europeus, ou ainda
mundiais. Na realidade o que não percebo mesmo é porque tratamos o Futebol,
como Filho, e o País como enteado!
Confusos? Eu explico....
Entregamos centenas de euros
por dia, e a julgar pelo que li hoje num jornal diário, gastam-se
cerca de 30 mil euros / dia com o Europeu de Futebol, para assistir o
“bota de ouro” a marcar um morteiros, mas se ele falha.... afinal não era assim
tão bom... perde patrocínios, ouve assobios... criticas e sátiras de que não
se livra, aliás basta abrir uma qualquer rede social por esses dias para se
perceber do que falo.
Diz que afinal era o outro
lustre desconhecido, o "the
especial one" lá
do sítio, e curiosamente ainda ninguém tinha dado por isso...
Hoje fui jantar com o Pedro, e o
restaurante estava cheio de pessoas, à primeira vista pensei - "Mas olha
que bom para a economia", mas na realidade, depressa percebi que ali se
valiam dos créditos televisivos, os fervorosos adeptos da selecção, e o
motivo; já se sabia, Portugal defrontava os laranjas mecânicas.
O Sushi, esse entrou a
correr, e com sabor a pouco, a pouca liberdade, aquela que começa e termina
(tecnicamente) onde começa a de todo um mundo, de pessoas… com efeito
foi-me impossível qualificar aquele momento, mas pronto afinal jogava
a Selecção...
Marcados os golos da praxe, no
final ouvia-se que afinal era o tal bota de ouro, ou bola de ouro, que era o
maior, ....e pufff... lá se foi os escassos dias de sucesso do tal, aquele
que ninguém sabe o nome, aquele.... o desconhecido... e eu não digo
que Futebol é coisa difícil de perceber? ... Bem acho que eu não
percebo nada de Futebol... é o que é...
Entretanto
na Grécia os conservadores da Nova Democracia, ganham hoje
as eleições, e Durão Barroso da Europa avisa que quer ver um governo
formado naquele país o quanto antes, e ainda ontem se ouvia
da Alemanha a Chacelarina avisar que “os compromissos internacionais são para
cumprir”, onde foi que eu já ouvi isto...
O país arrisca
uma saída do euro, a Europa atravessa uma
crise sem precedentes, Mário Soares avisa que seria
uma estupidez uma saída da Grécia da zona euro.
A ver se consigo os meus 7 dias
de sucesso, sem ter de apreender a jogar à bola, com uma idade destas ...
...e isto tudo
no dia em que joga a selecção da Tuga....
M | Ribeiro Henriques
“Há ideias e factos, que são portadores de futuro”
|Coimbra,18/06/2012|